sexta-feira, agosto 24, 2007

Viagem à Turquia - Parte VI: E finalmente... Istambul

A última estação de nossa aventura turca, que começou na longínqua Capadócia, foi Istambul, a antiga Constantinopla das mil-e-uma-noites. Foi aí, nessa metrópole de mais de 3000 anos, que nos despedimos do solo turco, não sem antes explorá-la por nossa conta e risco.
A cidade, ao contrário do que pensávamos, é perfeitamente visitável. Mulheres podem andar sozinhas pelas ruas. Comerciantes falam inglês e até um pouco de espanhol. Enfim, dá pra fazer de tudo sem grandes dificuldades.
Metrópole agitada, Istambul se esparrama pelas margens asiáticas e européias do Estreito de Bósforo. Duas pontes ligam os continentes e levam turcos e turistas da Europa à Ásia num piscar de olhos.
Placas indicativas sobre as pontes fazem com que os passantes nunca se esqueçam de que essa é uma jornada especial. Não se trata de cruzar uma simples ponte, mas de transitar entre dois continentes: Ásia e Europa. Quem mais, além dos turcos e seus diletos hóspedes, tem esse privilégio?
Ali o Mar de Mármara, último pedaço do Mediterrâneo, se estreita formando um canal de mais de trinta quilômetros – o Estreito de Bósforo – que mais adiante se transformará no imenso Mar Negro. Olhe bem e você verá ao fundo uma pontinha do Mar Negro...
Um cruzeiro pelo Bósforo é tarefa obrigatória para qualquer turista que se preze. Assim estivemos por lá fotografando as grandezas e misérias de seus arredores.
À margens do Bósforo está também a Galatasaray Üniversitesi. Nada como estudar na Europa com vista para a Ásia...
Há em Istambul um sem-número de mesquitas espalhadas por todos os cantos da cidade. A maior e mais famosa delas – a Mesquita Azul – foi construída por ordem do sultão Ahmet I.
Na decoração interior predomina o azul, razão pela qual é chamada de Mesquita Azul.
Grande por dentro e por fora, é a segunda maior do mundo, perdendo apenas para a Grande Mesquita de Meca.
Contam que originalmente a mesquita turca tinha apenas quatro minaretes. Quando construíram a mesquita de Meca com seis minaretes, o sultão de plantão ordenou que se acrescentassem dois minaretes à turca. Meca não deixou por menos e aumentou a sua, totalizando sete minaretes. E parece que a contenda parou por aí... Ou será que algum dia leremos na primeira página do UOL : "Turquia constrói mais um minarete na Mesquita Azul"?
Do outro lado do jardim está AyaSofya Müzesi construída como basílica pelo Imperador Justiniano em 537, depois transformada em mesquita e atualmente em museu.
Aqui há que confessar um pecadinho: dessa vez não fomos visitar Santa Sofia por dentro. Será que seremos perdoadas ou arderemos no fogo do inferno? Na próxima visita repararemos o erro e ainda visitaremos o Palácio Topkapi que também "pulamos"...
Invadindo a Istambul européia existe um imenso braço de mar: o Chifre de Ouro.
Ao sul do Chifre de Ouro está a parte mais antiga e caótica da cidade. Aí estão as mesquitas e os bazares. O trânsito entre essa parte da cidade e a parte norte, dita moderna, é feita por duas pontes. A mais movimentada é a Ponte Gálata, onde é possível até parar para um cafezinho.
Ao final da ponte encontra-se o Tunel, ou seja, a estação do funicular que leva à parte alta de Beyoglu, no lado norte da Istambul. Ali nos esperava a Torre Gálata, construída no ano 528, com seus 61 metros acima da colina.
Do alto da torre a vista para a velha Istambul é imperdível. Chegamos justo a tempo de testemunhar um grande espetáculo: o pôr-do-sol.
Como boas leitoras de Agatha Christie, não pudemos deixar de visitar o Hotel Pera Palas, hospedaria original dos passageiros do Orient Express.
Foi ali que a escritora se refugiou numa ocasião em que desapareceu de casa. Voltou com o livro Assassinato no Orient Express pronto para a tipografia. E o quarto 411, onde esteve hospedada, tornou-se ponto de visitação turística. Mediante uma pequena gorjeta ao camareiro pode-se ver o quarto e até fotografá-lo.
Em Beyoglu está a parte do comércio sofisticado de Istambul. Partindo da Praça Taksim, caminha-se pelo calçadão da Istiklal Caddesi – onde estão as lojas das mais famosas grifes mundiais, ao lado de fast foods e barraquinhas de camelô – e chega-se à Çiçek Pasaji, um território exclusivo de restaurantes. Imperdível!
E é também seguindo pela Istiklal Caddesi até a altura do Café Barcelona que se chega ao melhor café da Turquia. Fica numa travessinha estreita e acanhada, as cadeiras, umas diferentes das outras, ficam na rua, espalhadas. Quem serve são os próprios donos, dois turcos muito simples e simpáticos.
Ali o café e o chá turcos são servidos como manda o figurino tradicional.
Alguém está servido?
pppppp
Aí estão imagens que ilustram quase tudo o que foi dito acima. Apreciem sem moderação:

quinta-feira, agosto 23, 2007

Viagem à Turquia - Parte V - Pedras Milenares

Retomando a viagem a Turquia, volto com mais um "episódio".
Quem perdeu os capítulos anteriores pode vê-los nos links abaixo:

Vamos, pois, às pedras milenares!

Lembram-se das piscinas termais de Pammukale e seu pôr-de-sol inesquecível?
Bem ao lado desse paraíso está Hierápolis.

Acreditava-se, na Antigüidade, que as águas quentinhas das piscinas de Pamukkale eram milagrosas e curavam doenças. Por conta disso, muitos doentes viajavam para lá em busca da cura para seus males. Diante da necessidade de acomodar esses pessoas, surgiu ali, ao lado das termas, a cidade de Hierápolis, cujo nome significa cidade sagrada.
O que se vê hoje por lá são as ruínas do que foi a cidade.
A velha Hierápolis tinha uma rua principal, dedicada ao comércio. Não se esqueçam: estamos na Turquia!

Um enorme teatro, todo de pedra.

E para provar que a água não tinha nada de milagrosa, um imenso cemitério.
Aquele ensolarado 29 de agosto, nosso terceiro dia em solo turco, era dedicado às cidades gregas. Assim, de Hierápolis fomos a Éfeso.

Ali está outro maravilhoso conjunto de ruínas arqueológicas que mostra o quão esplendorosa foi a cidade onde nasceu Heráclito.

Cada passo nos trazia uma surpresa.
O Templo de Adriano, com seu portal majestoso:

A biblioteca, da qual se conservou apenas a fachada, com as imagens que a guardam:

E os teatros. Dois!

No maior deles, o segundo, Paulo fazia suas pregações. Quem nunca ouviu a referência à "Carta de São Paulo aos Efésios"?
Além disso, é em Éfeso que se encontra o que restou de uma das sete maravilhas do mundo antigo, o Templo de Diana, que demorou mais ou menos 120 anos para ser construído. Era todo em mármore, tinha cerca de 122 metros de comprimento e 100 colunas de 18 metros de altura.
Assim era o templo em sua época áurea:

Daquela centena de colunas, restou apenas o que se vê na foto:

Mas parece que os habitantes da antiga Éfeso também tinham lá suas coisas curiosas.
Um banheiro público, ao ar livre, onde se podia conversar com os amigos enquanto se faziam as necessidades:

Um joguinho para as horas vagas:

Um sistema para pedir pizza em domicílio:

E até um bordel! Afinal, Éfeso era um porto:

Dizem que essa pedra indicava a entrada do prostíbulo e que o pé aí desenhado servia como agente da censura. Para evitar a entrada de menores, só podiam entrar os homens cujos pés fossem iguais ou maiores do que o do desenho. Alguém quer tentar?

Pra quem quiser ver mais fotos, tem um álbum no endereço abaixo. Clique e veja!

Pedras Milenares

quinta-feira, agosto 16, 2007

A janela

A foto é minha.
Foi tirada em Mariana/MG, em 2002.
O texto é de Gonçalo Tavares, escritor português, nascido em Angola em 1970.
Está no livro O senhor Calvino, publicado no Brasil pela Editora Casa da Palavra, em 2007.
Li, gostei e reproduzo aqui um pedacinho:

A janela

Uma das janelas de Calvino, a com melhor vista para a rua, era tapada por duas cortinas que, no meio, quando se juntavam, podiam ser abotoadas. Uma das cortinas, a do lado direito, tinha botões e a outra, as respectivas casas.
Calvino, para espreitar por essa janela, tinha primeiro de desabotoar os sete botões, um a um. Depois sim, afastava com as mãos as cortinas e podia olhar, observar o mundo. No fim, depois de ver, puxava as cortinas para a frente da janela, e fechava cada um dos botões. Era uma janela de abotoar.
Quando de manhã abria a janela, desabotoando, com lentidão, os botões, sentia nos gestos a intensidade erótica de quem despe, com delicadeza, mas também com ansiedade, a camisa da amada.
Olhava depois da janela de uma outra forma. Como se o mundo não fosse uma coisa disponível a qualquer momento, mas sim algo que exigia dele, e dos seus dedos, um conjunto de gestos minuciosos.
Daquela janela o mundo não era igual.

terça-feira, agosto 14, 2007

Dentro do mar tem rio

Naquela sexta-feira, 10 de agosto, o vôo 6390 da Ocean Air, para o Rio de Janeiro, não saiu. Os passageiros foram reacomodados no vôo 2419 da Varig. Entre eles estávamos Ana e eu, que faríamos nossa primeira viagem naquela companhia aérea. Mas... ainda não foi dessa vez.
A viagem tinha sido programada no final de junho, ocasião em que começaram a ser vendidos pela internet os ingressos para o show Dentro do mar tem rio, de Maria Bethânia, no Canecão.
Ingressos e passagens comprados. Faltava apenas o hotel. Este foi decidido no final de julho: optamos por fazer um excesso e ficar na Av. Atlântica, de frente pro mar. Escolhemos o Othon Classic Califórnia.
O hotel não faz jus às quatro estrelas que lhe foram atribuídas, mas a vista desde a varanda do apartamento 1102, sim.
Revimos amigos, visitamos livrarias, lojas de disco e restaurantes. Alguns novos, outros já conhecidos.
O tempo, bonito quando de nossa chegada, começou a mudar na tarde do sábado. Chegou a garoar no sábado à noite, mas o sol voltou a brilhar no meio do domingo, quando já nos preparávamos para voltar a São Paulo.
Já havíamos visto o show de Bethânia aqui em Sampa, mas revê-lo no Rio, no Canecão, sempre mais simpático que os Palaces e outros que tais daqui, foi um prazer.
Bethânia, do alto de seus 61 anos estava impecável. Errou uma letra, mas que importância tem isso? Cantou e movimentou-se pelo enorme palco como se fosse uma menina. No final, quando voltou para o segundo bis, notei-lhe um certo cansaço. Também, pudera!
E ainda recebeu vips e fãs no camarim. Entre esses últimos, incluiu-se Ana Maria.
De tudo, ficam clipe e fotos para lembrar e compartilhar, além da emoção de ter vivido esses momentos, claro!
E aí vão:
O clipe...

...e as fotos:
Dentro do mar tem rio

sábado, agosto 04, 2007

Eu sei que é julho...

Quando eu era criança, nos tempos da escola primária, julho era mês de férias. E as férias duravam o mês todo... Fazia frio. E às vezes acontecia alguma viagem.
Mais tarde, essas férias de inverno foram encurtando e já não duravam mais todo o mês, senão parte dele. Como as férias, o frio também foi diminuindo.
Ainda assim, estudante e, mais tarde, professora, sempre curti as férias com ou sem frio ou viagens.
Hoje, férias já não siginificam o mesmo para mim. Há quase dez anos me aposentei e posso ter quando quiser o que as férias ofereciam. Mas há coisas que não mudam, ainda que já não importem. E o mês de julho foi e sempre será para mim mês de férias.
Nos meus apontamentos dos últimos 10 anos, tenho a memória das viagens que fiz nestes julhos passados.
Em 1997, Santiago. Quinze dias andando pela capital chilena. Minha amiga Susy estava por lá. Juntas fomos a Portillo, em meio à neve. Era a primeira vez que eu via a terra coberta de branco. Com Teresa, Pamela e Veronica, conheci Viña del Mar e Valparaíso. Primeira visão do Pacífico! E ainda Baños Morales, água quente em meio à neve, debaixo da lua cheia!
Ano seguinte, 1998, foi também em julho que parti para minha primeira viagem à Europa. Madri. Ponto de partida para uma viagem que terminou dois meses depois. Foram 31 dias caminhando pelo norte da Espanha até Santiago de Compostela. E outros tantos divididos entre Espanha e Portugal. Na primeira parte da viagem, meu companheiro foi Esteves. Miguel chegou para o périplo Espanha/Portugal, quando Esteves eu já percorrêramos o Caminho de Santiago. Depois, cada um foi pro seu canto e terminei a viagem sozinha em Lisboa.
2001 foi o ano da viagem à Colômbia: Bogotá, Cartagena, Santa Marta. Dessa vez com Ana Maria.
Julho de 2002 foi um mês gordo. Começou com uma viagem de navio pelo Caribe, com meu pai, irmã, sobrinha e Ana Maria. Pra chegar até lá: escala em Atlanta, Miami e San Juan. Embarque no navio Destiny rumo às ilhas St. Thomas, St. Martin e St. Maarten - uma francesa e outra holandesa -, Barbados e Aruba. Na volta, um dia pra curtir San Juan e outros dois pra sassaricar por Miami. Foi aí que comprei minha primeira câmera digital.
Mal chegamos a São Paulo, partimos para outra viagem nesse mesmo julho. Essa para Minas Gerais, com Esteves, Miguel e Ana Maria. Cidades históricas, Caraça, Belo Horizonte e São Thomé das Letras foram nossos principais destinos.
Foi no final de julho de 2004 que começamos a viagem à Europa que incluiu a Turquia, cujas maravilhas estão sendo, e ainda serão, postadas nesse blog. Antes disso já estivéramos em Maceió, no início do mês. Viagem de trabalho para Ana Maria e de lazer pra mim.
Rio de Janeiro e Brasília foram as cidades que visitamos em julho de 2005. Ana a trabalho, eu não!
2006, Fortaleza, com direito a Canoa Quebrada e Lagoinha.
Nesse último julho, não houve viagem. Ficamos por Sampa, mas o mês passou num piscar de olhos. Também pudera! Fizemos muita coisa.
Pensamos em inovar, fazendo coisas que não costumamos fazer sempre, indo a lugares novos.
Nessa linha, fomos ao Teatro Fábrica ver a peça Seis da tarde. Fraquinha! Tentamos mais uma vez gostar da comida do Fricó de frango. Continuamos insatisfeitas! E saímos para fotografar no Jardim da Luz, com Miguel, Luciano, Flora e Rose. Essa sim foi uma novidade boa!
De shows, vimos Tata Fernandes & Nô Stopa, Paulinho Moska, Kléber Albuquerque e, claro, Chico César. Esse em Atibaia, com direito à companhia dele na volta a São Paulo.
No cinema, vimos :
  • Paris, te amo
  • Harry Potter e a Ordem da Fênix
  • Medos privados em lugares públicos
  • Fabricando Tom Zé
  • Saneamento básico
  • Mulheres de Palavra
  • Ela é a poderosa
  • Fiat lux/ Rapsódia do absurdo/ Jaguaribe Carne
  • Evocação de Frida
  • Frida natureza viva
Além disso, houve ainda encontro com amigos, os de sempre, velhos e bons amigos, e o encontro com Paulo e Wagner, amigos orkutianos de Brasília que ainda não conhecíamos pessoalmente.
Na TV, grande surpresa: Chico cantando na abertura do Pan.
Vimos, gravamos, revimos. Ouvimos a música. Curtimos muito!
Aí estão clipe, música e letra:


paz, eu não quero mais ou menos
paz, não queremos pra depois
pro pai, pra mãe, pros irmãos
para os outros, para nós
l
para desatar os nós
para estreitar os laços
pra quem gosta de abraços
para os que vivem sós
l
SOS grita o morro
socorro berra o asfalto
violentos mãos ao alto
pra que tudo corra em paz
l
paz é quando a alma encontra
calma pro corpo que dança
pra alma alcançar a paz
l
na palma da mão
na ponta do pé
com os olhos no céu
já altos do chão
digo PAZ

E mais! Chegaram às minhas mãos, atendendo a pedidos insistentes, duas coisas que eu queria muito:

  • o catálogo da exposição do 21° aniversário da revista Bria-a-Brac, com um poema de Chico;
  • o CD Cantos na Maré, gravado ao vivo em Pontevedra (Galícia), em 2003, com participação mais do que ativa de Chico.

Vai aí uma amostrinha:

Chico César e Uxía cantando "Cantos na maré"

Grande julho de 2007!!!!!!